Moradores da Guabiroba prometem não desistir de correr atrás das obras públicas que necessitam e garantem que se não obtiverem êxito vão mobilizar toda a periferia de Pelotas, para juntos cobrarem ações da prefeitura. Uma moto vai circular nesta quarta-feira (18), das 9h ao meio-dia, pelo Paço Municipal, Secretaria de Obras e Sanep, para alardear a situação que julgam ser de descaso. Querem obras que resolvam os alagamentos em dias de chuva, com água de esgoto, que invade suas casas.

O problema é histórico, garante a universitária Josiane Rodrigues, 32, ao destacar que o conjunto habitacional tem 30 anos e nunca recebeu o olhar do Poder Público. Segundo ela, existe um projeto para resolver os problemas de inundação, mas está engavetado porque a prefeitura não dispõe de verba. "O Executiva prioriza o quadrilátero central e esquece da periferia. A gente sofre com as enchentes, depreciação de nossas casas e estamos expostos a problemas de saúde, convivendo com todo o tipo de sujeira que transborda. Estamos cobrando e queremos uma resposta antes das eleições", afirma.

A moradora enfatiza que a Guabiroba tem 15 mil moradores e não é possível se conformar mais com a situação de descaso que se configura ao longos dos anos por todas as administrações. "Vamos até o final, a gente pode fazer a diferença e cobrar. Queremos o mínimo para uma vida digna", salienta. Conforme Josiane, a comunidade paga impostos e conta de água e esgoto, logo também quer atenção.

A dona de casa Clair Kutz, 58, conta que seu pátio é constantemente invadido por água de esgoto toda vez que chove. Além do mau cheiro que exala, é um risco para a saúde da família, acrescenta. Josiane pesquisou na Câmara de Vereadores e levantou 135 pedidos de providências por meio de proposições de vereadores para solucionar o problema da Guabiroba, só entre 2013 e 2015.

Para a professora Luciana Custódio, 44, a Guabiroba é uma comunidade que sobrevive sem qualquer assistência do município e a criação da comissão de representantes dos moradores não pretende mais deixar que a situação permaneça dessa forma. Observa que os próprios moradores já fizeram há um tempo atrás uma tentativa de escoamento das águas, mas é preciso algo maior para funcionar.

Sanep pretende fazer parte da obra
O presidente do Sanep, Jacques Reydams, confirma que em reunião mantida com o grupo falou sobre o projeto existente, orçado incialmente entre R$ 350 mil e R$ 400 mil. O problema é que a autarquia não tem dinheiro. Está esperando a terceira conta de cobrança de água por consumo para ver se não haverá uma surpresa financeira. "Precisamos ter certeza de que não haverá perda de receita", esclarece.

O projeto para drenagem passa por uma atualização de custos e, havendo disponibilidade de recursos, o que só será sabido em julho, a partir da terceira conta, fará uma etapa do serviço na Guabiroba, com a aquisição e implantação de parte da tubulação. "Me comprometo a aplicar a verba lá, mas depende do que eu vou ter", comenta.

Reydams ressalta que há 30 dias foi feita limpeza dos canais atrás da Guabiroba e na avenida Theodoro Muller havia um canal de macrodrenagem que interceptava as águas que vinham do residencial. Lembra que vários locais são atingidos pela ocupação indevida das margens por posseiros, entre eles a Guabiroba. Além disso, fala que 80% do entupimento da rede do conjunto habitacional se dá pelo mau uso do cidadão que mora lá. Relata já terem sido retirados os mais inusitados objetos, como chinelos, fraldas e xícaras. "Não é só cobrar do Poder Público", adverte.